sábado, 3 de dezembro de 2011


11-11-pm:
— Senti sua falta.
— Eu não.
— Não?
Senti falta de nós, do calor, do apego. Do nosso afeto.
— Parece até bobagem dizer sobre estas coisas como se tudo já fosse distante…
— E não é? Tu não estás aqui. Eu não estou ai. A cama tá vazia. O lençol tá feito. O sofá agora só serve pra assistir futebol aos domingos. Nada de brigas, nem madrugadas. Minha xicará de café… Até ela sente falta.
— De que?
— De café. E mesmo sem o café tudo o que me resta é a insônia.
— Tua vida… tá difícil?
— As coisas se complicam, se revertem. São mais vulneráveis do que imaginamos. Ainda mais frágeis do que pensamos…
— Estou vendo o nosso álbum. Nossa foto de janeiro. Pareciamos tão…
Nós. Sempre nós.
— É, nós…
Emudece.
— Tu ainda estás ai?
— Eu?
— Sim, tu.
— Eu estou. Eu sempre estive. Tu…
— Eu…
Tu que viraste fotografia
— As reticências não ajudam.
— E o que ajuda quando nada se tem?
— Declarar que agora é uma memória boa. Um passado bom.
— Uma fotografia bem bonita.

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