sábado, 30 de outubro de 2010

Como Borboleta...



Ela: Alô?
— Ele:Alô.
Ela:Quem é?
— Ele:Sou eu.
Ela:Eu?
— Ele:Eu. Já não reconhece minha voz?
Ela:Ah, você (silêncio) São quase quatro da manhã. Por que está me ligando?
— Ele:Saudade.
Ela:De mim?
— Ele: Da sua voz. De você. De nós.
Ela: Eu tenho que desligar.
— Ele:Não, por favor. Deixe-me te ouvir por pelo menos cinco minutos.
Ela:Por que está fazendo isso? Já se passaram quase sete meses (silêncio) Alô?
— Ele:Estou gravando sua voz para quando tudo ficar em silêncio de novo, e eu precisar te ouvir para suportar a sua ausência... Não fique em silêncio, por favor.
Ela:Não tenho muito que dizer. Preciso dormir.
— Ele:Então me escute.
Ela:Estou te escutando.
— Ele:(..) Eu costumava te comparar a uma borboleta, se lembra?
Ela:Você dizia que eu era leve. Leve e harmoniosa.
— Ele:E você era doce... Eu dizia que você era aquele tipo de borboleta que pousa em nosso ombro, e nos hipnotiza. Aquele tipo de borboleta que pousa em nossas mãos.
Ela:Você me tinha nas suas mãos.
— Ele:Talvez eu ainda te tenha.
Ela:Acredito que não.
— Ele:Talvez você seja mais parecida com uma borboleta do que eu jamais soube.
Ela:Por que diz isso agora?
— Ele:Quando uma borboleta para em nossas mãos, temos que ser cuidados. Se apertá-la, sufocá-la, ela fica sem vida, desaparece. Se não segurá-la com delicadeza, ela voa e foge. De uma maneira ou de outra, ela nunca fica.
Ela:Você me deixou voar.
— Ele:Eu apenas não quis te sufocar.
Ela:Não. Você apenas não quis se importar com aquilo que estava em suas mãos (silêncio) Não me ligue de novo, por favor.
— Ele: Eu ainda amo você.
Ela:Então não me sufoque. É tarde demais para isso. 

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